"The Mind, Explained" - Anxiety
- No dia 4 de Abril de 2022, visualizámos em aula, mais um episódio da incrível série "The Mind, Explained", episódio esse denominado "Anxiety". Após a visualização, a professora pediu-nos para que realizássemos uma reflexão sobre o mesmo.
Aperto no coração, falta de ar, dores de cabeça fortes, visão distorcida, suor excessivo, sensação de desmaio, tonturas... todas estas sensações poderão ser típicas de um ataque de pânico e tenho a certeza que tu, pelo menos alguma vez na vida, já te sentiste assim. Afinal de contas, a ansiedade é a doença mental mais comum. Estarei errada?
Nos primeiros segundos, deste quarto episódio, da famosa série "The Mind, Explained", o psicólogo Ali Mattu descreve-nos como é ter um ataque de pânico, isto é, uma propagação mais intensa da ansiedade. É aterrorizante pensarmos na forma como todas aquelas sensações sufocantes surgem do nada e nos deixam indefesos perante a situação. Contudo, o episódio levanta uma questão: apesar destas consequências todas, será a ansiedade uma emoção útil?
A maioria das pessoas concordará comigo ao dizer, imediatamente, não! Sabendo o que é passar por tais circunstâncias, como é que algo tão desagradável pode ser, de alguma forma, útil?
Para explicar a ideia que a ansiedade não é necessariamente uma coisa má, The Mind, Explained, aborda a questão com uma analogia útil. Para tal, o episódio apresenta-nos o neurocientista Robert Sapolsky. O mesmo explica que, embora os javalis africanos não sintam da mesma maneira que nós a ansiedade, o neurocientista não pode deixar de afirmar que estes animais sofrem da mesma.
O centro emocional do cérebro de um javali é acionado sobre a forma de ansiedade quando vê um leão e desse modo, verifica-se com um aumento da pupila, da frequência cardíaca e consequentemente, do fluxo sanguíneo, preparando-o para lutar ou fugir da sua presa. O mesmo funciona connosco. É por essa razão que se pode dizer que a ansiedade evoluiu como uma emoção útil, no sentido em que a mesma prepara-nos para evitar o perigo.
Pegando nas palavras de Robert Sapolsky, nós humanos somos suficientemente inteligentes para mobilizar exatamente a mesma fisiologia que um javali ao ver um leão no fundo de um campo, a diferença está na forma como distribuímos a nossa preocupação.
Multas, pagar as contas até ao x dia, trânsito na estrada, não chegar atrasada a algo importante, entregar trabalhos dentro de uma data limitada, são exemplos de situações em que a nossa preocupação, stress, medo e ansiedade se acumulam. E embora podendo agir como o javali nestas circunstâncias, isto é, fugir e lutar contra os impostos ou o trânsito, não nos adiantará de nada, o nosso corpo deseja agir e dessa maneira acabamos por perder o controlo.
A ansiedade agrava-se quando a mesma começa a interferir nas nossas vidas pessoais, tornando-se assim um distúrbio. O documentário aponta para os diferentes tipos de distúrbio de ansiedade, agrupando-os de acordo com os vários tipos de medo: catastrófico, avaliação, perda de controle e incerteza. Maria Bamford é uma comediante que, neste episódio, expressa-se como um exemplo de alguém que desenvolveu um medo catastrófico de que de repente pudesse prejudicar a sua família. Para não correr o risco de magoar alguém, a comediante admite ter adotado alguns métodos, tais como, sempre que olhar, por exemplo, para facas, apertaria as mãos três vezes...
Verifica-se uma grande variedade de manifestações relativas à ansiedade, do pânico avassalador da agorafobia aos rituais do TOC - facilmente o transtorno de ansiedade mais comumente reivindicado entre um público em geral que geralmente é mal informado.
Mas de onde é que vem todas estas perturbações de ansiedade? O episódio ajuda-nos a perceber que a ansiedade é em parte genética, e as mulheres são duas vezes mais propensas a sofrer com isso do que os homens, mas também que é causada por experiências de vida.
O nosso cérebro funciona como uma máquina de associações. Por exemplo, um javali que é atacado por um leão ao sair de um arbusto, irá associar os arbustos ao medo e, portanto, irá tratá-los com mais cautela no futuro. No nosso caso, o mesmo poderá se aplicar, mas no entanto, isso significará que, para quem foi criado com experiências traumáticas, a ansiedade está enraizada nas suas personalidades.
Em Anxiety, observamos ainda uma referência a um experimento angustiante e infelizmente verídico, - o experimento "Little Albert" - onde o intuito foi implantar uma fobia numa criança, de modo, a explicitar a forma como os fatores externos podem contribuir para o desenvolvimento da ansiedade.
A meio do fascinante episódio, as luzes projetam-se para algo diferente. Apontam agora para o facto da ansiedade poder estar associada às redes sociais. Estudos comprovam que os adolescentes que passam mais tempo em frente ao ecrã, são mais suscetíveis a ser diagnosticados com ansiedade, apontando para a ideia de que essas pessoas são mais atraídas pelo isolamento social.
No meio de tantas acusações, a parte que mais interessa é a que diz como podemos tratar da ansiedade. Esta reação varia de indivíduo para indivíduo, tornando-se assim lento o processo de diagnosticar e tratar. Maria Bamford, durante o documentário, referiu que demorou 15 anos até encontrar a medicação certa!
Hoje em dia, discutir sobre a saúde mental de cada um é tão comum que talvez seja a razão pela qual tantas pessoas investigam e questionam-se sobre o seu estado mental. Às vezes torna-se tão extremo que essa incerteza contribui para o desenvolvimento de problemas cognitivos, levando à procura de ajuda, seja em psicólogos, medicamentos, álcool...